Textos, contos, poemas e reflexões de uma mente em movimento...

As diferenças nos tornam iguais...

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Jogos Mortais


Durante o mês de outubro foram coletadas respostas de cidadãos para a pergunta “Videogames e desenhos violentos influenciam comportamento violento em crianças e adolescentes?”. Nem a pesquisa e tampouco este texto foram feitos com o objetivo de estabelecer uma conclusão. Abaixo estão algumas das respostas.

“Isso depende de até onde vai a capacidade do jogador de distinguir a realidade da sua vida da realidade virtual. Há momentos em que o jogador começa a ter uma certa divergência e começa a misturar as duas vidas. Tudo bem que muito do que você aprende na TV, no computador e em jogos de videogame em geral são aproveitados inadequadamente por diversos jovens, no caso, e eles acabam usando isso de forma errônea. Isso pode ser abordado de diversas formas, por exemplo, com respeito a religião. A maioria das religiões impõe a idéia de que jogos violentos não são inofensivos e que são perigosos para a formação do indivíduo e da sociedade, e alegam que a partir do momento que você quer ser um telespectador de violência, que você quer assistir um filme, que você quer jogar um jogo violento, você é amante da violência. Então, são várias questões. Acho que pais conscientes deveriam prestar um pouco mais de atenção no que seu filho anda fazendo, no que ele anda jogando, no tipo de filme que ele anda assistindo. Tudo bem que cada um tem o direito de fazer o que quer, assistir o que quer, mas, há certas coisas que para certas idades, é melhor não ver.” (Felipe Bressane, Vargem Grande Paulista).

“A má estrutura familiar influencia algumas pessoas que por não obterem o devido respeito da sociedade, se sentem superiores por terem habilidade em jogos violentos onde se sentem respeitados, e podem querer alcançar esse respeito fora do mundo eletrônico, podendo até chegar a pensar que precisa matar para consegui-lo. Na infância, a violência dos desenhos também pode influenciar, mas neles, a violência é usada por boas causas, como salvar o planeta.” (Damaris da Silva de Jesus, Cotia).

“Influenciam, mas não são as únicas causas. O ambiente familiar e a forma como a pessoa foi criada podem determinar isso, pois o comportamento e o caráter são construídos desde o nascimento.” (Orminda Santos Freitas, Itapevi).

“Não. Se fosse verdade, seríamos todos psicopatas. Todo desenho que vemos, desde o Pica-Pau até Tom e Jerry tem violência. Nos jogos, então... Toda criança hoje nasce jogando GTA, jogos de tiro em geral. Isso não faz diferença, o que faz pessoas terem comportamento violento é a própria sociedade e o governo. Imagina quantos órfãos tem por aí, tendo que se virarem pra sobreviver sem o mínimo de educação, já estão com destino certo: o tráfico. No caso do massacre do Realengo acho que ficou  bem claro, né? A sociedade o transformou naquilo, não jogos e desenhos...” (Cláudio Andrade, Vargem Grande Paulista).

“Normalmente influenciam sim, principalmente meninos. As crianças até oito anos tem dificuldade de distinguir fantasia de realidade. Quanto mais jovem, mais imaturo, maior é a influencia da mídia, que passa a ser “a” referência muito cedo.” (Fau Barbosa, Cotia).

            Em 1999, dois estudantes americanos viciados em videogames violentos mataram treze pessoas dentro de uma escola e cometeram suicídio em seguida. A influência do ocorrido foi atribuída aos jogos encontrados em suas casas, entre eles, o jogo Doom. Nas investigações sobre Wellington Menezes, o atirador do Realengo, foi descoberto que ele tinha um blog onde escrevia sobre GTA e Counter Striker, jogos de conteúdo violento que foram proibidos há alguns anos.
            Acontecimentos como estes alimentam a ideia segundo o qual videogames, filmes e desenhos com conteúdo violento influenciaram estas atitudes e que podem “criar assassinos”. No entanto, isso faz surgir uma dúvida: por quê várias pessoas que cresceram assistindo Pica-Pau e jogando Mortal Kombat não se tornaram “psicopatas”?
            Isto pode sugerir que jogos e desenhos não influenciam, ou pelo menos não são os únicos responsáveis. Sabe-se que a forma como uma pessoa é criada desde o nascimento, as referências que ela recebe ao longo de sua vida, enfim, todo o seu histórico de vida, moldam a personalidade e boa parte de suas características, então, é essencial considerar isto e não tratar uma característica do indivíduo como fator isolado.

Non ducor, duco*


 Em quem você votou na última eleição? Quais eram as propostas dos seus candidatos? Não se lembra? Lembra quais são os direitos garantidos no artigo 5° da Constituição Federal? Ou pelo menos duas das oito Metas do Milênio? Nunca ouviu falar? E quem foi o fazendeiro da semana passada em A Fazenda? Quem interpreta a personagem principal de Fina Estampa? Isto você lembra? Talvez o conteúdo televisivo seja mais importante que protestar contra o aumento da passagem de ônibus, e por isso, mais acessível à memória.
            Em grande parte da programação televisiva, predomina a violência e o apelo por sexo, não escapando nem mesmo a programação infantil ou a emissora do bispo Edir Macedo. Mas, o pior, é que os pais deixam que o aparelho de televisão seja a babá e o professor de seus filhos, entregando-os assim ao sedentarismo, que colabora muito no desenvolvimento da obesidade infantil, e à “preguiça mental”, um dos responsáveis por criar cidadãos comodistas, apáticos, passivos com relação à situação do país.
            Dessa forma, é como se um tubo de imagens conduzisse, ou melhor, fizesse parar o desenvolvimento de toda uma sociedade. Grande parte da programação da TV, senão ela toda, é lixo. Lixo consumista e anti-informativo, onde muito do que é importante para as pessoas não é divulgado, fazendo parecer que alguma coisa só possa ser verdade se tiver a TV como porta-voz. Verdade para quem? Verdade para um povo que não se informa, não luta e que talvez, só proteste quando o SBT parar de exibir o Chaves.

*Lema na bandeira de São Paulo, que significa “Não sou conduzido, eu conduzo”.

Prato do dia: Revolta Popular


Para preparar esta receita você precisará de:

Telenovela
Futebol
Salário mínimo
Bolsa Família
Gasolina
Feriados
Carnaval
Sacola plástica

Modo de preparo:

Em um governo de quatro anos, proíba a exibição de telenovelas e jogos de futebol pela TV aberta;
Misture salário mínimo e Bolsa família e os dissolva em uma solução de 15% de aumento no preço da gasolina;
Tempere com a retirada de carnavais e feriados;
Deixe no forno por quatro anos e cobre R$ 1,50 por cada sacolinha plástica de supermercado.

Valor calórico:
 Mais de cinco milhões de cidadãos passivos e conformistas.

Dicas:
 Acorde e lute povo brasileiro!

terça-feira, 5 de julho de 2011

Dilúvio

O relâmpago, o trovão,
a água tocando o rosto,
a corretnteza arratando a multidão,
a sarjeta, o lixo,
o bueiro, o desespero,
a casa e o cidadão.

A morte, a doença,
o desprezo,
o descaso,
o esgoto,
a tristeza,
o dinheiro público,
o desperdício.

A chuva, os gritos,
a enchente vindo
cobrar do cidadão
sua TV como preço
do papel jogado ao chão.

E do povo, o lamento:
-A culpa é do governo.
E o governo,
diretamente de Sevilha,
manda anunciar
que a carne subirá o preço.

Noite morta

A noite deixou de existir
porque a Lua parou de brilhar.
Mas, por quê, então,
o Sol insistia em iluminar?

Para que seus raios
queimassem a verde grama
e secassem  Terra,
pois assim, ninguém
seria testemunha
de sua solidão?

E, com seu brilho eterno,
condenado a clarear
uma existência vazia,
queima a si próprio
e consome-se na imensidão vazia,
condenado a estar
sempre sozinho?

Dessperado e louco,
o Astro-rei, tirano
governante,
condena com seu calor
a vida insuportável,
sem a Lua
para lhe rouba seu brilho.

E não mais
se punha o Sol,
nem mesmo para
uma noite sem brilho,
pois a Noite
deixou de existir,
quando a Lua,
fria, insensível,
parou de brilhar.

domingo, 22 de maio de 2011

O futuro a esperar pela gente

É ano de 2032, e o que tenho para dizer não é agradável.
Tenho 22 anos, quando nasci, as pessoas apenas imaginavam que o mundo seria como é agora.
Moro onde antigamente as pessoas chamavam Brasil, que costumava ser um país lindo, com belíssimas paisagens, mas que tinha um terrível problema: o descaso de seus habitantes.
Esse descaso contribuiu para que, quando eu tinha quatro anos, soldados de uma região conhecida por nós como Gigante do Norte invadissem uma vasta área de florestas e águas, os quais a população entregou sem luta, ao contrário de um território vizinho, conhecida como Venezuela, que foi invadida pelos interesses ligados ao petróleo e teve seu líder morto, mas mesmo assim, a população não se pereceu sem antes lutar.
Após isso, o próximo passo foi jogar bombas atômicas em todo o território africano, seguido da dominação total do Oriente Médio.
Meus pais me ensinaram, às escondidas, pois era e ainda é proibido falar contra a ditadura, que um dia, muito antes de meu nascimento, dois aviões colidiram contra dois imensos prédios do Gigante do Norte, e que depois disso, um barbudo assumiu a autoria do atentado, desencadeando a invasão de parte do território árabe. Passado algum tempo, o governate local ficou muito impopular e eles elegeram um novo, que tinha promessas novas, como a de retirar seus soldados do território árabe, mas, depois de eleito, ele os manteu por lá e enviou mais soldados. Parece que foi reeleito após matarem o tal barbudo dos aviões, mas meu pai me disse que esse barbudo tinha sido inventado pelos 'gigantes' para poderem dominar o mundo.
Seja como for, eles conseguiram.
Este local a quem chamavam Brasil, onde moro, quer dizer, onde me escondo, pois enquanto escrevo, rezo para não ser encontrado pelo grupo anti-resistência, está dizimado, dos 27 estados habitados, sobrou apenas uma parte do que era São Paulo e Minas Gerais. O Rio de Janerio foi destruído por um tsunami produzido pelos 'gigantes', que possuem uma máquina capaz de produzir terremotos.
O Japão há muito não existe devido ao poder desta arma. A fome é devastadora e a população está estimada em 500 000 000 de habitantes ou menos, pois a mirtalidade é terrível. A água é mais valiosa do que o ouro, e a população que sobrou da América Latina é usada como escravo para cavar poços. Muitos morrem devido à exaustão.
O pior de tudo, é que há mais de 20 anos atrás isto tudo podia ter sido evitado, mas os seres humanos dessa época preferiram permitir que tudo acontecesse, como se a respoinsabilidade fosse sempre de outras pessoas, e todas pensavam dessa mesma forma. Neste momento, enquanto escrevo este relato, na esperança de que o futuro seja bem diferente de agora, o grupo de resistência do qual faço parte, está em direção do projetor de terremotos, em tentativa de explodí-lo. Espero que consigam, mas o futuro podia ter sido bem diferente de como é agora.

sábado, 14 de maio de 2011

Primeiro poema que escrevi

Onde estás, Verdade,
que não se revela?
Onde estás, Amor,
que se esconde?
Onde estás, Sabedoria,
que não se encontra?
Cadê, Sinceridade,
que inexiste?
Por onde procuro
aquilo de que fujo,
aquilo que temo,
aquilo que não encontro
em lugar algum
por não procurar em mim?
Sabedoria é ter sinceridade
para amar de verdade
Verdade é a sabedoria 
do amor sincero
Sinceridade é
o amor sábio da verdade
Amor é a sincera
verdade da sabedoria.

sábado, 30 de abril de 2011

Em nome de ...Deus?

           Em um documento publicado no ano 2000, o cardeal Joseph Ratzinger, atual Papa, afirmava que as igrejas protestantes não eram verdadeiras igrejas, apenas comunidades, não podendo sequer ser chamadas de igrejas irmãs, pois isso as colocaria em pé de igualdade com a Igreja Católica.
            Desde 2006, a cidadã iraniana Sakineh Ashtiani acusada por suspeita de adultério e participação do assassinato do marido, vem sendo julgada por uma sociedade marcada por desigualdades sexuais impostas pela religião do país, que favorece os homens e põe as mulheres abaixo dos insetos.
            Em maio de 2010, uma flotilha vinda da Turquia que pretendia furar o bloqueio marítimo de Israel para levar ajuda humanitária aos palestinos da Faixa de Gaza, foi atacada pelo comando militar de israelense, mostrando, mais uma vez, que apesar de Israel ensinar às suas crianças que não devem deixar que o mundo esqueça o Holocausto, o sofrimento dos judeus parece não ter lhes ensinado nada, afinal, a única diferença entre Auschwitz e a Faixa de Gaza parece ser a câmara de gás.
            E o que esses acontecimentos têm em comum? São motivados pela fé de três religiões no mesmo deus único (cristianismo, islamismo e judaísmo) e são justificados por seus líderes como sendo feitos em nome desse deus.
            A função das religiões é contribuir para que o ser humano sinta-se bem consigo mesmo, e o papel dos líderes é garantir que isto aconteça, mas o que vemos esses líderes fazendo é exatamente o oposto do que as suas religiões pregam: abusam de crianças, exploram a fé e os bolsos de seus fiéis, estimulam a fé cega, enfim, transmitem falsas mensagens de Deus. Por mais sincera que seja a fé de uma pessoa, ela é inútil quando guiada por um líder que tenta ferir a dignidade do ser humano, seja através de sua opção sexual, crença ou etnia, mesmo que esses atos sejam apoiados por um livro sagrado. A fé, sobretudo a fé cega, não justifica crimes.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Retrato da nossa ignorância - Final...?


Meu deus é maior que o seu e somente a minha religião salva!

            O artigo 5° da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 dispõe que "é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, proteção aos locais de culto e a suas liturgias.". Na teoria, tudo é muito belo, mas, na prática, um governo que se diz laico (onde não se misturam religião e política), prefere elevar as ideologias de uma determinada crença (e ser controlado por ela), permitindo o desrespeito e a violação do direito de não crer e de ter crenças diferentes.
            Não podemos dizer que é errado considerar a sua religião como a “única verdadeira”, pois cada um deve crer no que preferir. O que não pode ser aceito, é que tentem impor sua crença às pessoas que não creem no mesmo que você, pois a sociedade é formada por pessoas de diversas crenças e de nenhuma.
            Algumas pessoas desrespeitam as outras religiões em nome da sua própria e isto é inaceitável. Católicos desrespeitam judeus, que desrespeitam mulçumanos, que desrespeitam protestantes, que desrespeitam espíritas, que desrespeitam... E a lista não tem fim, mas pelo menos, não são todos os seguidores que desrespeitam as crenças diferentes, e isso já é um grande passo.
            Vários mulçumanos são vistos como terroristas, apenas por que alguns mulçumanos são terroristas, e isso se agravou após o estouro da guerra contra Muamar Kadafi; muitos crentes (que creem em algo) vêem os ateus como o que há de pior na sociedade, associando a descrença com a capacidade de cometer crimes, quando, na verdade, qualquer pessoa, independente de suas crenças, é capaz de cometer crimes, sendo que nenhum deles é feito com tanto prazer do que quando em nome de um preceito religioso!
            Algumas correntes que pregam o ‘amor ao próximo’, na verdade, reduzem o significado de ‘próximo’ ao de ‘proximidade’, ou seja, dirigem seu ‘amor ao próximo’ somente aos membros de sua congregação, criando um sólido preconceito, que é o de se dirigir as pessoas que não pertencem ao seu meio como sendo “pessoas do mundo” e culpando-as pelos males da sociedade, além de proclamar que toda e qualquer outra forma de crer está errada, e chegando até mesmo a criar tribunais para intimidar, torturar e matar quem ousar desafiar.
            No Oriente Médio, seguidores de religiões que acreditam em um mesmo deus e apenas seguem leis diferentes para chegar até Ele, e que afirmam sua raiz em um mesmo patriarca, se contradizem em não reconhecerem suas semelhanças, que, quando admitirem, poderão, finalmente, por fim na guerra bélico-religiosa fortemente apoiada e sustentada pelo Gigante do Norte.
            Será possível, que, em meio a toda essa loucura, existe alguém que é capaz de enxergar a razão? Mas, o que seria esta razão? Será possível, que ninguém perceba que todos são ateus com os deuses dos outros? E que para os seguidores de uma religião, os seguidores de uma outra são infiéis, e vice-versa?
            Tenha orgulho de crer ou de não crer em algo, mas nunca imponha o que você acredita ao o que os outros tem o direito de acreditar.

“A melhor religião é aquela que te faz melhor. O que ter faz melhor? Aquilo que te faz mais compassivo, aquilo que te faz mais sensível, mais desapegado, mais amoroso, mais humanitário, mais responsável... A que conseguir fazer isso de ti é a melhor religião.”
                                                                                      Tenzin Gyatzo, o Dalai Lama
Moldura

            Quando decidi escrever esse texto divido em três partes, pretendia fazer um retrato do mundo onde vivo. E a forma como mostrei esse mundo, infelizmente, é real.
O ser humano, em menos de quatrocentos anos, conseguiu destruir o planeta, algo que nem os dinossauros, que viveram por muito mais tempo, conseguiram fazer. Mas, mesmo antes de aprender a destruir a Terra, já era mestre em destruir a si mesmo. O ser humano é o único ser em toda a escala animal, que faz guerras, destrói o que estiver em seu caminho, mata mas não come (exceto raras exceções) e causa segregações entre seus semelhantes. Talvez, possa-se dizer que qualquer outro ser vivo é mais civilizado do que o próprio ser humano. Mas, agora que fiz o retrato, preciso expor a moldura.
            É doloroso saber que as pessoas no Brasil não sabem utilizar corretamente o direito-obrigação de votar, elegendo candidatos preconceituosos e que abusam de certa ‘imunidade parlamentar’, como é o caso do deputado federal Jair Bolsonaro que, eu não sei por que, mas é membro da Comissão dos Direitos Humanos e Minorias. Ele, em entrevista ao programa CQC, associou o fato de uma pessoa ser negra a promiscuidade, mas, em entrevistas para os jornais, afirmou ter confundido a pergunta feita pela cantora Preta Gil, que havia lhe perguntado qual seria sua atitude se um de seus filhos namorasse uma mulher negra. O deputado alegou pensar que a pergunta se referia à homossexualidade, e mostrou que não quer nada com a democracia, ao declarar “ter imunidade para falar e para roubar”, ser contra homossexuais frequentarem escolas, e afirmando que as pessoas se tornam homossexuais devido a uma má educação e a pais ausentes. Visto que muitas crianças são abandonadas ou criadas apenas pelas mães, Bolsonaro dá a entender que o Brasil é um país onde só tem gay!
            Também é doloroso ver um líder religioso e também deputado, usar a rede social twitter para postar afirmações racistas e, ainda por cima, utilizar um livro sagrado para justificar suas afirmações, como é o caso do pastor Marco Feliciano, que postou em seu twitter que “os africanos descendem de ancestral amaldiçoado por Noé” e que “a podridão dos sentimentos homoafetivos levam ao ódio, ao crime, a rejeição”.
            Mas, não são somente eles que fazem parte dessa moldura. Qualquer pessoa que é capaz de criar preconceitos, de violar o direito de algumas pessoas existirem, de virar as costas diante do sofrimento alheio e de se considerar superior devido a diferenças sexuais, étnicas, regionais, ideológicas ou de qualquer outro tipo, faz parte dessa moldura. Portanto, como qualquer pessoa é capaz de tudo isso, todas fazem parte dessa moldura. Você que está lendo isso, as pessoas que estiverem por perto, as que estiverem distantes, as que você conhece, as que você não conhece, e até mesmo eu, fazemos parte dessa moldura.
            A moldura a que me refiro, é a estupidez humana. E dessa estupidez, todos fazemos parte. É esta condição que sustenta os preconceitos e, talvez por isso, esse retrato sempre estará incompleto.


Retrato da nossa ignorância - Parte 2


Se Deus quisesse os gays, em vez de Adão e Eva, teria feito Adão e Ivo...
           
            Em todos os lugares, o preconceito mal-disfarçado se apresenta, agredindo o direito de homens e mulheres homossexuais serem o que são. Em um momento, todos acreditamos no livre arbítrio, no outro, negamos este à pessoas que não se encaixam em ideais que muitos consideram como verdades absolutas.
            Não é dever de ninguém aceitar a orientação sexual das pessoas, mas sim, respeitar, pois todas as pessoas precisam e tem o direito de serem felizes da forma como escolherem, uma vez que a felicidade não segue receita.
            É fácil oprimir classificando como doença, rebeldia ou possessão demoníaca, pois quaisquer pessoas que se negam a aceitar o direito de individualidade justificam assim. Grupos religiosos que dizem pregar o amor reprimem com o ódio; governos eleitos que deveriam proteger a democracia e a regulamentação dos direitos, permitem que esses direitos sejam diminuídos, destruindo o direito à “igualdade”.
            ‘Doença’ é permitir a violação do direito de ser e de existir, ‘rebeldia’ é ir contra essa violação e ‘possessão’ é privar estas e todas as outras pessoas de seus direitos!
            Se você acredita que ser homossexual é pecado, deixe que os homossexuais continuem sendo, pois um livro sagrado muito conhecido diz que cada pessoa prestará contas pelos seus próprios pecados, e não pelos dos outros. Ser homossexual só é antinatural ou não, dependendo daquilo em que cada pessoa acredita, e o que cada pessoa acredita é problema dela.
            Ser homossexual não agride a vida de ninguém, as pessoas é que são agredidas por serem homossexuais.


“Eu entendo perfeitamente que uma pessoa que luta pelo que eu luto, um militante, um militante gay, se torna o alvo ou o alvo em potencial de uma pessoa que é insegura, medrosa, assustada ou muito perturbada consigo mesma.”
                                                                                          Harvey Milk

Retrato da nossa ignorância - Parte 1



            Sabe por que a parte preta do Kinder Ovo é do lado de fora? Porque se estivesse do lado de dentro, teria roubado o brinquedo!
            Sabe por que essa piada não tem graça?
            Porque ela é um dos muitos exemplos de como a discriminação e o preconceito são ensinados desde à infância, fazendo a estupidez humana se propagar como herança cultural deixada para nossos filhos e que, se continuar assim, eles ensinarão, inconscientemente, aos filhos deles. Talvez, o exemplo mais antigo seja o conceito de 'raça', usada como justificativa para vender um ser humano como se fosse um animal qualquer.
            Hitler foi idiota o suficiente para acreditar no mito da raça ariana, e, mais idiota ainda, é que ousa discriminar alguém por sua cor ou origem, pois é quase impossível, no contexto atual, encontrar uma pessoa que não veio de uma mistura, seja de cores ou regiões.
            O racista é um grande imbecil, que não percebe sua condição na Terra, de que, como ser humano, é apenas um hóspede no planeta e a qualquer momento pode deixar de morar, ignora que daqui nada se leva, e quando vai deixa para os outros. Então, porquê não deixar como herança, a consciência de que todo tipo de preconceito não passa de uma grande burrice?
            Compramos sapatos do Vietnã, comemos macarronada italiana, passeamos com um carro alemão, oramos par um Cristo judeu, calculamos com números árabes, mas o estrangeiro é apenas um intruso qualquer sem valor?
            Matar um japonês não irá garantir a sua vaga no vestibular, apenas revelará sua insegurança e ignorância.

“Não podemos caminha sozinhos. E, enquanto caminhamos,  devemos prometer que sempre marcharemos adiante. Não podemos voltar. Há quem pergunte aos devotos dos direitos civis: “Quando ficarão satisfeitos?”. Nunca!”
                                                 Martin Luther King