Imagine um grupo de ouriços tentando proteger-se do frio. Para aquecerem-se, eles agrupam-se em circulo; se ficarem muito próximos, podem machucar-se uns aos outros e, para que isso não aconteça, precisam encontrar uma distância em que possam aquecer-se sem machucarem-se. Esta distância chama-se “civilidade” e corresponde ao conjunto de regras para viver em sociedade.
A sociedade é uma teia constituída por essas regras, tecidas pelas “aranhas instituições”. Se um indivíduo transgride uma regra de alguma “aranha”, ou seja, tenta “sair da teia”, será perseguida, excluída por uma ou mais “aranhas”. Dessa forma, não pode-se falar em uma liberdade verdadeira, mas sim em uma liberdade controlada, com o intuito de proteger o ser humano, mas que acaba por inibi-lo.
Nas sociedades é comum um indivíduo só ser reconhecido como membro da comunidade após cumprir os ritos de passagem, como o batismo e o casamento; qualquer comportamento fora dos protocolos estabelecidos pelos ritos das instituições (família, religião, governo) é vista como imoral, podendo gerar tabus, fortemente malvistos pelas instituições: educação sexual,aborto, células-tronco embrionárias, homossexualismo...
Muitas vezes egocêntricas e preocupadas apenas com seu lucro pessoal, as instituições se permitem “sair da teia”, evidenciando que quando dizem “Vinde a nós os necessitados”, na verdade querem dizer “Vinde a nós os que seguirem nossas regras, os necessitados que se danem”. Este é um comportamento que, definitivamente e, infelizmente, deixa bem claro que não existem livre-arbítrio e liberdade de expressão, existindo apenas o “faça o que quiser, mas dentro das nossas regras”, essa semente da hipocrisia.
No reino animal, o ouriço ganharia uma luta contra uma aranha. Na sociedade humana, ocorre o contrário. Deve ser efeito do veneno.
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