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As diferenças nos tornam iguais...

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Ecce, puer satanae qui venit peccata mundi*

Política, intolerância religiosa, homofobia, aborto. Enfim, um caldeirão de intrigas em nome do voto do eleitor brasileiro neste segundo turno.
De um lado, Dilma Roussef, candidata do PT à presidência da República, que aprova o aborto como liberdade fundamental da mulher e apoia direitos dos homossexuais, como o casamento gay. Do outro lado, temos José Serra, candidato do PSDB, que se pôs, junto com sua esposa Mônica Serra e seu vice, Índio da Costa, a fazer campanha com grupos evangélicos, dizendo que Dilma é "a favor de matar criancinhas" e que se fosse eleita, legitimaria o aborto e o homossexualismo, afirmações que causaram medo, sobretudo, aos vários grupos religiosos católicos e protestantes.
O bispo de Guarulhos, Dom Luiz Gonzaga Bergonzini, declarou publicamente ter "ódio ao PT" e distribuiu em sua diocese o Manifesto anti-PT, que afirma ser a posição oficial da Igreja Católica, embora a CNBB tenha declarado que somente a Assembleia Geral e o Conselho Permanente tem o direito de falar em nome da ICAR. Em uma pregação, Dom Luiz Gonzaga diz que "votar em Dilma é pecado" e ressaltou ideia de que há um envolvimento do vice de Dilma, Michel Temer, com o satanismo. O site Hospital da Alma, ligado a uma associação de blogueiros evangélicos, chegou a dizer que se Dilma ganhar, morrerá por obra de Satanás para que Temer (o diabo) possa governar.
Com todos esses acontecimentos e declarações, que são na verdade um péssimo e indevido mal uso da liberdade de expressão, a principal consequência é a indução ao erro de pessoas menos escolarizadas, aproveitando-se da boa fé deles através de uma mistura de verdades e mentiras sensacionalistas com algumas gotas de preconceitos comuns, usando como receita secreta a religião, pois sabe-se muito bem o sincretismo religioso no qual o Brasil está envolvido, em meio a concentração de adeptos de praticamente toda as religiões do planeta em um único país, assim como a evidente intolerância entre católicos e evangélicos, evangélicos e espíritas, entre muitos outros exemplos que deixam cada vez mais claro que ninguém sabe amar seu próximo como a si mesmo.
Karl Marx dizia que "a religião é o ópio do povo, no entanto, Marx esta errado, pois a religião não é o ópio, mas sim o incendiário: ninguém faz o mal contra teu próximo com tanta convicção e prazer como quando o faz usando a religião como desculpa. E é aí onde a fraqueza do ser humano diante de si mesmo se mostra mais evidente, cria crenças e impõe a intolerância e a exclusão àqueles que não as aceitarem.
Já está provado que misturar política e religião é uma combinação desastrosa: isto já causou violentas batalha contra os mulçumanos (as Cruzadas),instaurou inquéritos contra não-cristãos e praticantes de filosofias pagãs (Tribunal do Santo Ofício, ou Inquisição), dividiu o cristianismo e ajudou aumentar a intolerância religiosa (Reforma e Contra-Reforma), chegando aos dias atuais como uma bomba sempre prestes a explodir. Então, porque continuar com toda esta guerra sem razão, toda esta realidade morta?
Isto é uma disputa por votos. Não há porque colocar a religião e as diferentes crenças no centro da questão, pois isso só mostra o quanto a sociedade, tanto os mais pobres quanto os mais ricos, estão despreparados para para ajudar na construção de uma sociedade mais justa, onde o respeito e a consciência sejam prioridades.
Esta é uma disputa de seres humanos pelo poder, não tem nada haver com Jeová, Exu, Nossa Senhora, Satanás ou Curupira. São apenas dois lados humanos que, como uma crianças de uns três anos que ainda estão aprendendo a ler e escrever, ávidas por atenção, dizem: "querem, por favor, me entenderem?".


*Em latim, significa :Vejam, o filho do demônio, que manifesta o pecado do mundo.

2 comentários:

  1. olaa.. faça maiis postagens.. gostei muito das suas ideias..

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  2. é isso mesmo ! faça mais postagens irei sempre te acompanhar ermão !

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